Arquivo do mês: maio 2009

Um tapa na cara

“Minha vida era uma rotina. Um dia Percebi que estava fazendo as mesmas coisas, encontrando-me com as mesmas pessoas, tendo as mesmas discussões, vivendo as mesmas situações. Era uma vida sem desafios, uma vida ‘normal’. Em breve, eu não me sentiria mais vivo. Fazer uma volta ao mundo, a pé, era um sonho grande de um menino que queria aprender e conhecer tudo o que existe no planeta. Este menino foi (e sou eu). Também caminho pela paz. Porque a paz é a experiência mais constante que experimento ao longo desta viagem. Tudo começou quando desenhei uma linha vermelha no mapa mundi, comprei sapatos, preparei minha mochila e comecei”

 

 

 

O russo Andrej Raider -  Agência O Estado

O russo Andrej Raider - Agência O Estado

 

 

O relato acima é de um jovem russo chamado Andrej Raider, 23 anos, resolveu caminhar pelo mundo, há um ano. Raider iniciou sua caminhada na França, onde conheceu novas pessoas, o idioma e a cultura local. Em seguida, passou pela Espanha e Portugal, onde trabalhou e fez amigos, por três meses em cada país. Agora em São Paulo, pretende ficar por alguns meses até conseguir trabalho para financiar o resto da viagem.
Quando li o texto acima no Jornal O Estado, senti algo inexplicável, igual um tapa na cara. Afinal, quantas vezes eu quis ser eu e tiver ser igual a todo mundo.
E agora aqui, sozinho pela casa vazia, fico a me perguntar: E o meu amanhã?


Love generation

Ontem, enquanto dormia, sonhei que via você chorando. Na verdade é tudo tão simples, você que não consegue entender que por nós eu atravessaria um oceano dentro de um barco a vela soprando na direção do vento. É mais ou menos isso, bem simples da forma como deveria ser e é. Deixo o vento e a vida me levar, porque é para lá que eu vou, é lá que eu quero ser feliz. Do alto de um edifício, em cima de um heliporto abandonado eu vejo o céu, sinto o vento e lamento pelo tempo perdido.

Passam se os dias e noites, vem a chuva e lava as ruas só para você caminhar e encher de alegria o meu dia e do quem conseguir a música que escuto quando você passa, assim bem baixinho, quase sussurrando ao pé do meu ouvido:
http://www.youtube.com/watch?v=v0NSeysrDYw


Flores para quem fica e beijos para quem vai…

Perguntas e respostas, perguntas sem respostas e respostas dadas sem ninguém perguntar. Se você não perguntar, eu jamais vou contar. Na verdade, posso até te contar, mas se for algo ruim e triste, não posso te deixar fora da minha vida. É assim que funciona, não é?

Aliás, é pior ainda, sempre para chegar novas pessoas, alguém tem que partir. Nada será totalmente completo, nós que temos que aprender a preencher as lacunas. Em meio ao vazio da vida urbana, entre as pessoas invisíveis da sociedade, as comemorações sem motivos. Eu vos escrevo de uma cabana no meio do mato, sem mimos e luxos. O tempo em excesso, decorrente da falta de aparatos tecnológicos me dá mais tempo para respirar e assim gradativamente me afasto da rotina de dizer que não-tenho-tempo-para-nada.

Posso até falar, que trabalho até mais tarde, mas na verdade não fiz nada mais cedo. O tempo é assim, minuto a minuto, contado e cronometrado por quem é voraz pela rotina.

Hoje eu queria ver a casa cheia de flores e beijos arremessados de longe, tal quais as produções românticas hollywoodianas.


Friday I´m in Love

friday-i_m-in-love

Today is friday I´m: http://www.youtube.com/watch?v=TSmfNxmaQHc


E lá vai…

E lá se vai algo mais, saibamos, que estamos sós. Anos, valores, propostas descentes e indecentes. O que era virtude hoje de manhã, daqui a pouco é ganância por bens maiores. Afinal, não é todo mundo que pode fazer ou ter tudo que vê nas páginas das revistas de luxo, nos comerciais de televisão ou nas páginas de fofocas sobre famosos na internet. Agora, uma coisa é certa, dificilmente aprenderemos a dar o verdadeiro valor as coisas, sempre o que brilha mais vale mais e isso faz os olhos de muita gente brilhar por vitrines requintadas e a boca babar de carros importados que rasgam a Avenida Paulista e Faria Lima.

Me resta aqui, apenas sonhar com um céu estrelado e vaga-lumes no jardim, repleto com o cheiro de jasmim.


Uma onda mais forte

O calendário marcava março e as águas invadiam o verão, mas já estamos em maio e as tempestades ainda invadem a minha vida. Hoje é um domingo qualquer, sem nada especial e o silêncio perdura até amanhã, segundo domingo de maio, abandonado às quatro horas da manhã. Como eu queria ser igual às propagandas que passam na TV, famílias felizes, manteigas que deslizam pelo pão, pessoas que esbanjam sorrisos, vida incrível e soluções para tudo.

O fato é que depois de um tempo há certa necessidade de reclamar da vida, sem pensar na maneira de resolver e nem sempre o caminho mais viável é o mais fácil. Se fosse por mim, hoje eu não estaria aqui, talvez por ali e lá longe. Em qualquer outro lugar pulando e saltando de palavra em palavra, como quem quer escrever toda sua história de um modo diferente, algo único que sempre planejamos, mas que pelas adversidades e obstáculos não conseguimos realizar e por comodidade foram deixadas para trás com muitas outras coisas e pessoas. Escrevi na areia, mas uma onda mais forte apagou…


No limite

Já faz algum tempo que me beneficio do transporte público, decorrente das condições caóticas das vias de acesso de São Paulo. Por um lado isso pode ser bom, já me considero íntimo de muitas pessoas que vejo todos os dias, no mesmo horário e não falo nenhuma palavra com elas, no máximo ‘com licença’, velo o sono de muitas delas, mas não sei o nome de ninguém. Quando alguém não está lá, demoro cerca de 20 minutos para perceber a ausência, depois de percorrer visualmente os 48 lugares do ônibus.

familia18ty

Encontros marcados, ao caso com que eu não conheço. Vai ver que a vida é assim mesmo, você ai e eu aqui. Na verdade, acho que muitas coisas deveriam ser assim, distantes do corpo, mas próximos do olho. Pensei nisso, esses dias enquanto quase morria dentro de um carro zapeando entre as faixas na frente de um caminhão, tirando ‘fina’ com quase todos os veículos. Realmente a juventude é uma fase transviada, em que tudo e todos se acham imortais e importantes para meio mundo. Vai ver que é assim mesmo, um dia eu aprendo a viver.